Pediatra acusado de estupro de crianças nega crimes e sugere que vítimas estão 'atrás de dinheiro'
06/09/2024
Declarações foram dadas no final da manhã desta sexta-feira (6), quando ele deixava delegacia após dar o seu segundo depoimento à polícia. Fernando Paredes Cunha Lima nega denúncias e diz que vítimas estão "atrás de dinheiro"
TV Cabo Branco/Reprodução
O médico pediatra Fernando Paredes Cunha Lima deu a sua primeira declaração pública desde que foi apontado como responsável por uma série de estupros contra crianças. Na saída da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Infância e a Juventude da Paraíba, em João Pessoa, ele se declarou inocente e sugeriu que as vítimas poderiam estar "atrás de dinheiro".
As declarações foram dadas no final da manhã desta sexta-feira (6), quando ele deixava a delegacia após dar o seu segundo depoimento à polícia. Acompanhado por advogados, ele acabou cercado por jornalistas.
Enquanto tentava se mover, Fernando, a princípio, se negou a falar. "O que eu tinha que falar, eu já falei para a doutora", declarou, se referindo à delegada Isabel Costa, responsável pelo caso.
Depois, contudo, ele elevou a voz e negou o cometimento de qualquer crime. "Nego. Nego para todo o sempre. Nego tudo", resumiu.
Pediatra acusado de estupro de crianças nega crimes e sugere que vítimas querem 'dinheiro'
A partir daí, uma das repórteres que o cercavam questionou por que as pessoas estariam fazendo isso com ele. O pedriatra rebateu:
"Aí eu não sei, em verdade. Talvez atrás de dinheiro", declarou Fernando Cunha Lima.
Pouco depois de dizer que as vítimas poderiam estar atrás de dinheiro, contudo, ele recuou e negou que tinha dado tal declaração. "Não botem palavras na minha boca", pontuou, num tom irritado.
O médico já virou um réu em um dos casos. E, na semana passada, um segundo inquérito foi aberto contra ele por estupro de vulneráveis. No total, dez pessoas já se apresentaram à polícia para denunciar o médico. Seis são consideradas vítimas e quatro são consideradas testemunhas, porque nesses casos os crimes já prescreveram. Fernando Cunha Lima disse que após as denúncias abandonou a medicina.
Pouco depois daquele momento mais tumultuado, o advogado do médico, Aécio Farias, reafirmou que o seu cliente nega as acusações contra ele. "É um novo inquérito que foi instaurado. Ele respondeu todas as perguntas, negou, e vai aguardar o desenrolar dos procedimentos", destacou.
Entenda o caso
A primeira denúncia formal de estupro de vulnerável contra o pediatra Fernando Cunha Lima aconteceu no dia 25 de julho e foi tornada pública em 6 de agosto. A mãe da criança, que estava no consultório, disse em depoimento que viu o momento em que ele teria tocado as partes íntimas da criança. Ela informou que na ocasião retirou imediatamente os dois filhos do local e foi prestar queixa na Delegacia de Polícia Civil.
Com a repercussão do caso, uma sobrinha do suspeito revelou que foi abusada quando também tinha 9 anos, na década de 1990, assim como suas duas irmãs. As denúncias, assim, indicam que os crimes aconteceriam há pelo menos 33 anos, já que o relato se refere a um estupro que teria sido cometido em 1991.
Gabriela Cunha Lima relatou à TV Cabo Branco que foi abusada pelo pediatra
Reprodução/TV Cabo Branco
O Conselho Regional de Medicina (CRM-PB) informou no dia 7 de agosto que abriu uma sindicância para apurar o caso. Já a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), do qual Fernando Cunha Lima era diretor, decidiu suspendê-lo e afastá-lo de suas funções diretivas.
No dia 9 de agosto, o delegado Cristiano Santana, superintendente da Polícia Civil da Paraíba, disse que a Polícia Civil começava a traçar um "modus operandi" sobre como o médico agia. Segundo Cristiano, as vítimas costumam ser meninas e ter todas entre 4 e 9 anos no momento em que foram abusadas. Ele disse ainda que, de acordo com os diferentes depoimentos colhidos, o médico costumava agir no consultório, durante atendimentos e exames de rotina, com a mãe da vítima presente ao local, mas aproveitando algum momento de distração.
Em 14 de agosto, Fernando foi indiciado pelo estupro de vulnerável de quatro crianças. E em 26 de agosto a Justiça aceitou a denúncia e o tornou réu. Após esse primeiro caso, contudo, mais pessoas se apresentaram para apresentar novas denúncias, o que provocou a abertura de um segundo inquérito. Nessa quinta-feira (5), a mãe de um menino foi até a delegacia prestar depoimento. É a primeira vítima do sexo masculino que se apresenta.
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